Lá Vem o Caminhoneiro Solitário

"Concedei-nos, Senhor, a Serenidade
necessária
para aceitar as coisas que não podemos
modificar,
Coragem para modificar aquelas que
podemos,
e Sabedoria para distinguir umas das
outras"

Seja muito bem-vindo ao blog; Benvindo é meu sobrenome, Anônimo é o meu nome e pública é a minha codependencia e a minha gratidão.

Enquanto escrevia a crônica sobre Desligamento Emocional, fui aos poucos sendo tomado por uma gostosa emoção e uma doce lembrança. Era uma tarde e, do quintal da minha casa eu percebia a aproximação da carreta vermelha de meu pai, retornando para casa depois de uma longa viagem. 

Naquele instante a minha alegria, bem como a alegria de todos lá em casa, era parecida com a alegria de italianos em dia de festa. Lá vem o meu pai, vem suado, vem cansado, vem sorridente, vem de braços abertos, vem feliz. O primeiro abraço caloroso é em minha mãe, depois abraça e beija aquele montão de filhos, cada um deles, cada um de nós. 

Da cabine do caminhão surgem frutas exóticas, cartões postais, artesanato em barro, cortes de fazenda, sabonetes de boa qualidade, aguardente de alambiques distantes, mudas de árvores, revistas coloridas... aquilo até parecia coisa de mascate. Na noite da chegada de meu pai seus amigos apareciam, e todos dormiam mais tarde, até mesmo as luzes da casa; era muito prazeroso ficar ouvindo o caminhoneiro solitário contando as suas histórias de viajante pelas estradas do Brasil. 

Cinquenta anos depois, aquela voz grave, aquele olhar profundo e amigo, e aquelas gargalhadas espontâneas simplesmente me visitam e me saúdam, que coisa linda... Como tudo isso chegou até a mim, como, como? Ah... veio tudo na boléia do caminhão do meu pai, em uma longa viagem de cinco décadas. 

Poder Superior, Poder Superior... gratidão pelo meu velho pai; que homem extraordinário aquele.


Só por hoje serei feliz; só por hoje eu sou a pessoa mais importante da minha vida. Paz, serenidade e muitas 24 horas.


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