O Homem-bomba, o General da Banda e o Menino
"Concedei-nos, Senhor, a Serenidade
necessária
para aceitar as coisas que não podemos
modificar,
Coragem para modificar aquelas que
podemos,
e Sabedoria para distinguir umas das
outras"
Seja muito bem-vindo ao blog; Benvindo é meu sobrenome, Anônimo é o meu nome e pública é a minha codependência e gratidão.
Sob o sol de inverno, numa manhã fria, Lá está o homem-bomba com o seu curto pavio. Apesar do aparente estado de homem-bomba, não carrega pólvora; não carrega fogo; não carrega nitroglicerina ou outro explosivo qualquer.
Lá está o homem-bomba, calado no seu canto; ele sabe de todas as suas bombas e, sobretudo, que precisa desarmar cada uma delas — são muitas as bombas.
Algumas bombas explodem, outras implodem. O homem-bomba é uma bomba implosiva de pavio curto, com raros eventos de explosão.
Se o general da banda aponta o dedo, o homem-bomba implode; se general da banda grita, o homem-bomba implode; se general da banda estiver de semblante carregado, o homem-bomba implode; se general da banda age de forma autoritária, o homem-bomba implode; se o general da banda esconde a verdade atrás de uma cortina de negação, o homem-bomba implode; se discursos vazios são jogados ao vento pelo general da banda, o homem-bomba implode... Implode de raiva; implode de amargura; implode de ressentimentos; implode de angústia; implode de medo; implode de impotência; implode no vazio e na escuridão, sob os estilhaços das emocionais e explosivas bombas do general da banda.
Se o general da banda chega, o homem-bomba implode de medo; se o general da banda afasta-se, o homem-bomba implode de saudade e nostalgia; se o general da banda descarrega sobre ele sua raiva reprimida, o homem-bomba implode na revolta interior; se o general da banda faz troça de sua sensibilidade, o homem-bomba implode de tanta vergonha de ser e existir.
Antes de ser homem-bomba, quando era apenas um menino, haviam guerras emocionais e campos minados por todas as partes, e foram tantos os ferimentos e tantas as bombas, que ele acabou descobrindo que possuía bombas também. Mas o menino não sabia e não queria atirar bombas, não era esta a sua natureza, mas tão somente a sua dor.
Num certo dia, o menino começou a fazer um ensaio para arremessar as suas próprias e pequeninas bombas. Então. ele ouviu: "Se você deseja viver em paz, guarde as suas próprias bombas e engula calado as bombas alheias! Você é um recruta, e nesta guerra emocional onde nos encontramos, somente atiram bombas os grandes generais, de uma forma geral e, o general da banda, de uma forma particular".
Então, descobrindo à sua própria maneira como a banda da vida tocava, e precisando sobreviver naquela guerra de bombas orquestradas pelo general da banda, que transformava tudo em uma corda bamba, o menino passou a implodir suas próprias bombas dentro de si mesmo, e ressentiu calado e magoado todas as explosões das bombas alheias ao longo de muitos anos de sua vida — aquilo seria certamente uma forma de salvar a si mesmo e aos outros, de tantas e dilacerantes explosões, que geravam um sem número de estilhaços de dor, amargura, desprezo, sofrimento...
Meditando sob o sol da manhã, o homem-bomba já sabe que não precisa de bombas para viver e se proteger - que cada um cuide de suas próprias bombas —, mas foram tantos e tantos anos sob os bombardeios do general da banda e de outros generais, e foram tantas as suas próprias bombas armazenadas nos seus paióis interiores, que o que resta agora a fazer, é tão somente começar a desarmar todas estas bombas guardadas durante tantos anos, na vã esperança de semear a paz sob o intenso bombardeio do grande general da banda.
Através da prática constante do Programa de 12 Passos, o homem-bomba vai, pouco a pouco, desarmando cada uma de suas bombas emocionais, comumente encontradas pelos caminhos que ele mesmo minou ao longo de tantos anos.
Anônimo é o meu nome e pública é a minha codependência; eu sou maior que todas as minhas ilusões. Só por hoje serei feliz; só por hoje eu sou a pessoa mais importante da minha vida. Paz, serenidade e muitas 24 horas.
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