Outros Carnavais

"Concedei-nos, Senhor, a Serenidade
necessária
para aceitar as coisas que não podemos
modificar,
Coragem para modificar aquelas que
podemos,
e Sabedoria para distinguir umas das
outras"

Seja muito bem-vindo ao blog; Benvindo é meu sobrenome, Anônimo é o meu nome e pública é a minha codependencia e a minha gratidão.



Quarta-feira de cinzas, o carnaval está chegando ao fim. Não desfilei em nenhuma escola de samba e não participei de nenhum bloco; não fui a nenhum baile de máscaras  pelo menos desta vez.

Ao longo de muitos anos desfilei na Unidos da Doença da Emoção, bem como na Unidos da Negação e União da Codependencia - no fundo é uma mesma escola.

Desfilava ao longo de muitos carnavais pelas depressivas avenidas da vida, sem nenhum público, luzes ou aplausos; nas arquibancadas de minhas ilusões somente a solidão, o vazio, a angústia, o medo e a vergonha de ser e existir.

As máscaras carnavalescas eram variadas e eram muitas: Máscara da indiferença, máscara do medo, máscara do ressentimento; máscara da raiva congelada, máscara da vítima, máscara da inveja, máscara da cólera... tantas e tantas máscaras nos ilusórios, fantasiosos e equivocados carnavais de outrora.

No final daqueles melancólicos desfiles, na apoteose final, aparecia a depressão para fechar com chave de ouro aquele teatro da minha mais pura agonia  era a quarta-feira de cinzas com muitos meses de duração. 

Até que um dia, vencido por tudo aquilo, mudei de escola, e passei então a desfilar pela Estação Primeira dos 12 Passos. 

Nesta escola não desfilo para o mundo, e não devo utilizar nenhuma máscara  esta é, a princípio, a parte mais difícil, pois eu podia me esconder atrás delas. 

Mas algo muito bom vem ocorrendo: Sem as máscaras, quem efetivamente se manifesta sou eu, e então, paulatinamente eu vou descobrindo que a alegria não necessita de máscara, bem como a simplicidade, a fé, a esperança, a serenidade, a coragem, a aceitação... 

Sem o uso das máscaras, eu vou descobrindo tudo isso em mim, e desta forma, vou pouco a pouco celebrando um carnaval pessoal e interior, um carnaval leve e suave, um carnaval cheio de alegria, vivido um dia de cada vez, um carnaval onde a quarta-feira de cinzas, bem como todos os demais dias da semana, são um verdadeiro presente de aqui e agora, um presente sem fantasias e adereços, um presente cujo endereço aquele infeliz folião, a depressão, costuma não encontrar. 

Só por hoje pretendo continuar nesta escola, deixando para trás, nas curvas do tempo, tantas e tantas ilusórias máscaras; quarta-feira; de cinzas, tão somente aqueles outros carnavais.

Só por hoje serei feliz; só por hoje eu sou a pessoa mais importante da minha vida. Paz e serenidade e muitas 24 horas.

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