O Jardineiro e o Lenhador

"Concedei-nos, Senhor, a Serenidade
necessária
para aceitar as coisas que não podemos
modificar,
Coragem para modificar aquelas que
podemos,
e Sabedoria para distinguir umas das
outras"

Seja muito bem-vindo ao blog; Benvindo é meu sobrenome, Anônimo é o meu nome e pública é a minha codependencia e a minha gratidão.



Eu sou o Jardineiro de pés no chão
Eu sofro de codependencia
Desde que eu era menino

Eu sempre gostei das árvores 
Sempre me encantei por elas
Desde que eu era menino

Quando eu era menino
Eu plantei um abacateiro
Nos fundos do quintal

O abacateiro foi crescendo
Foi ficando muito bonito
Então eu fiquei muito amigo dele

Todos os dias
Quando eu voltava da escola
Eu corria para o quintal
Para ficar junto do meu amigo abacateiro

Eu era muito sensível
Eu gostava de abraçar o amigo
 Eu amava conversar com o abacateiro
 Todos os dias, todos os dias

Um dia aconteceu algo muito triste
Quando eu fui visitar o abacateiro
Ele estava caído e morto no chão 

Ele havia sido abatido
Por duros golpes de facão 
Naquele dia eu chorei escondidinho
 Dentro da casinha do meu vira lata

Era um choro de dor pela morte do meu amigo
Um choro cheio de lágrimas amargas
Pela crueldade do lenhador de pés no chão

Então, sofrido no meu canto
Eu prometi para mim
Que um dia plantaria muitas árvores 
em um local inacessível aos pés
E ao facão do lenhador de pés no chão

Eu cumpri a promessa
Existem milhares de árvores 
Plantadas pelas minhas mãos 
árvores que o lenhador de pés no chão jamais viu

As árvores me dão alegria
Mas a ausência do lenhador de pés no chão
sempre me trouxe tristeza
e um sentimento de vazio

Que pena que lenhador de pés no chão não viu a floresta 
Agora eu me recordo bem
Que apesar de lenhador
Ele também gostava de jardins 

Na empresa onde trabalhou o lenhador
Ele plantou muitas flores e árvores
E deu vida a um lindo jardim 
Ao longo do perímetro de um muro feio e cinza

A empresa do lenhador não existe mais
O jardim do jardineiro não existe mais
A cidade, como uma praga inimiga do verde
Cresceu e destruiu o jardim do lenhador de pés no chão

Mas num dia destes passando por lá
E olhando com atenção eu descobri 
No antigo perímetro do extinto muro
Um coqueiro enorme que resistiu ao tempo
e a incivilidade humana

Um coqueiro dos jardins do lenhador
Uma lembrança dos jardins do jardineiro
Que transformou um pátio árido cheio de caminhões 
Em um agradável lugar para se trabalhar

Talvez na minha infância 
Por ainda não pisar plenamente no chão
Eu tenha olhado muito mais para o facão do lenhador
e muito menos para o seu coração de jardineiro 

A codependencia se não for tratada
Fere como o facão 
Corta como o facão 
Separa como o facão 
Mata como o facão 

Se o facão é afiado
A codependencia
É cega, surda e muda
É presente e indiferente
 É progressiva se não tratada
E transforma jardineiros em lenhadores

Eu sou o jardineiro de pés no chão
E por ser filho do lenhador de pés no chão
O outro  jardineiro de pés no chão
Eu amo naturalmente as árvores
E estou aprendendo somente agora
A amar o lenhador que habita em mim

O que a codependencia separa
Um Jardim
A visão de um velho coqueiro
 Uma diminuta floresta 
E um amoroso Programa de 12 Passos
Podem definitivamente unir

Só por hoje chega de facão 
Só por hoje aceitação 
Só por hoje gratidão 
Ao lenhador dos pés no chão

Só por hoje serei feliz; só por hoje eu sou a pessoa mais importante da minha vida. Paz e serenidade e muitas 24 horas.




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